Voltei a falar nesse assunto e diapasão em face dos espancamentos de mulheres e anciões pobres por jovens ricos que até alegaram "meu pai é rico, quando ele chegar eu saio dessa cadeia".
Nós brasileiros temos até hoje a pretensão de sermos sérios, honestos, não violentos.
Vamos recapitular como a nação brasileira começou. Começou cometendo, oficialmente, crimes hediondos.
O primeiro foi confiscar as terras dos índios, portanto – grilagem e pilhagem.
Invadir terras africanas acorrentando seres humanos e transportando-os para o trabalho escravo – seqüestro e cárcere privado alem de contrabando.
Muitas crianças negras eram seqüestradas dos seus pais, por vezes, aos primeiros vagidos ou com 5 ou 6 anos de idade e vendidas – seqüestro, roubo e tráfico de menores. Crime hediondo.
Tudo isso praticado inclusive na ilegalidade, já que nunca houve no Brasil uma lei sequer que dissesse:- É permitida a escravidão no Brasil. Houve uma lei extinguindo, mas permitindo, nunca.
Matança abundante de índios e escravos – homicídio qualificado e genocídio.
Durante, pelo menos, 388 anos a ordem jurídica do Brasil só cometeu e ensinou a seus filhos a cometer crimes e violências.
Nos últimos 118 anos, praticou-se a omissão quando se tratou de proporcionar às crianças brasileiras, saúde, educação, inclusão social e ampla igualdade – crimes de responsabilidade, e agora de responsabilidade fiscal e inconstitucionalidade, uma vez que as verbas não são investidas nos percentuais previstos pela Constituição, deixando-se estabelecer que o berço da desigualdade esteja na desigualdade do berço.
Ora! Como é que depois de todo esse tempo em que o Estado e a ordem jurídica passam cometendo crimes, nós nos espantamos com a má distribuição de renda, a desigualdade e a violência?
Deveríamos estar acostumados! Mas homens conscientes não se acostumam com isso que vemos hoje. Isto é, menos os eleitores de Lula.
Perdão, digo, menos os eleitores de Lula que tiveram oportunidade de se instruir, os saídos da miséria, que hoje são classificados de intelectuais ou intelectualóides porque a grandessíssima maioria dos eleitores do gastrópode é, na verdade, vítima desses quinhentos anos de abuso.
Refiro-me somente a Lula porque, vindo ele de baixo, e prometendo mudar radicalmente essa situação, credenciou-se junto aos seus como a única esperança.
Estelionato eleitoral. Cheque sem fundo, além de demonstrar que não entende nada de gestão, de administrar uma bodega.
Aliás, ele nunca administrou uma bodega sequer, mesmo!